Este mês saiu o Guia de Tecnologias na Educação, da revista Nova Escola, estou muito feliz por ter participado desta edição. Agradeço a repórter Rita Trevisan pela valorização do meu trabalho. Abaixo a entrevista na integra.
Questões
especialistas
•
De que forma a
incorporação das tecnologias de informação e comunicação (TICs) ao contexto
escolar vai impactar o papel do professor? Mudam suas atribuições? Deve mudar a
sua postura frente aos alunos? Como se dá esse processo?
R. As TICs chegaram como novo determinante, uma
nova oportunidade para repensar e melhorar a educação. Contudo, infelizmente,
na educação, ocorre uma corrente de promessas não cumpridas com geração de
expectativas a cada nova onda ou moda tecnológica. Nos tempos atuais, com as
mais diversas tecnologias presentes no cotidiano dos educandos, podemos citar:
notebooks, ipads, celulares, entre outros. A partir disso, o professor já não pode ser considerado o
dono do saber. Seja o educando de escola pública ou particular, o acesso às
informações, quase sempre independe da sua classe social. O contato com a
informação é muito rápido e ágil. Os educandos apropriam-se dos conhecimentos
fora da família, fora da escola. Basta ter curiosidade sobre algum assunto ou tema,
entrar em uma página na internet, para se deparar com um hipertexto, que contem
palavras, frases, imagens, links que remetem a outras paginas e/ou blogs que
decorrem sobre qualquer assunto através de textos e imagens didáticas. Sem
falar que, ainda conectado, alguém chama
no canto da tela, inicia-se uma conversa, trocam-se ideias, mais endereços. E
nós professores, temos que nos adaptar a esta nova realidade, em vez de
simplesmente ignorar, buscando novas formas e manejos, pois agora ensinar não é
mais o monólogo das salas de aula da nossa época de estudantes, onde os
professores falavam, falavam enquanto nós ouvíamos e copiávamos para depois
decorar tudo para as avaliações. Nossos educandos são sujeitos ativos de seus
saberes, são, como afirma Marc Prensy (2010): nativos digitais - trabalham
melhor em rede, preferem imagens a textos, enquanto nós, imigrantes, estamos
acostumados a fazer uma coisa de cada vez. Temos que mudar nossa postura
tornando-nos mediadores das atividades, orientador do processo de aprendizagem.
•
O que precisa mudar
no planejamento e na execução das aulas, para que as TICs possam ser realmente
incorporadas ao conteúdo dado em sala, e deixem de funcionar como um simples
apêndice às atividades habitualmente estruturadas?
R.: Temos uma longa caminhada pela frente, porém, é possível encontrar
grandes exemplos de profissionais da área dispostos a integrar a escola a todas
essas novas tecnologias, abrindo os olhos, aceitando o novo, o diferente, e
sobretudo, acreditando na educação. Na escola que trabalho atualmente, há
professores que estão desenvolvendo excelentes aulas com os blogs, com as redes
sociais e até utilizando o celular em sala de forma dirigida. Eu mesma criei, a
partir de anseios de uma das professoras de Português, uma comunidade virtual
de aprendizagem, onde podemos nos encontrar interagindo no mundo virtual. Essa
lista de discussão nos auxilia em nossas dúvidas, podemos compartilhar
interesses, dificuldades, etc, já que atualmente é impossível se encontrar
presencialmente sempre que se faz necessário. No entanto, virtualmente, podemos
debater sobre nossa vida escolar, trocar dicas, ajudar colegas e com certeza, é
um ponto positivo em nosso ambiente escolar.
•
Podemos falar em
ferramentas que facilitam a preparação e a execução das aulas, que a senhora
acha interessante que os professores dos níveis infantil e fundamental
conheçam? Poderia nos dar mais detalhes de cada uma delas?
R.: Poderia
citar uma infinidade de ferramentas que conheço e que já utilizei em sala de
aula. Citarei aquelas que mais utilizo atualmente, como o celular, a máquina
fotográfica, o computador, a internet, entre outros. Cada ferramenta dessa só
tem valor quando acompanhada de um claro
objetivo.
Blogs- Os blogs são páginas na internet que
possibilitam a publicação e o armazenamento de informações que são atualizadas
rotineiramente. Essa ferramenta, se usada no contexto educacional, pode ser uma
grande aliada dos profissionais de educação. Informações apresentadas,
explorando diversos assuntos, no formato de diários, contos, notícias, poesias,
artigos etc despertam uma nova onda de produção escrita em muitos jovens
(Tecnologias na escola p.14). Como exemplo de blogs educacionais que ajudei a
construir e que estão dando certo na rede, cito o blog da professora Maira de
Souza Emerick, professora de Português que tem incentivado seus alunos por meio
dele a lerem, criticarem, deixar sugestões e colaborações. Também destaco o
blog da professora Verena Buss (São Bonifácio/SC) que registra e divide com sua
comunidade escolar seus trabalhos em sala de aula. E para finalizar, as salas
multimeios, também estão aderindo a esta "onda" tecnológica, já
criamos o blog da sala multimeios da escola que atualmente trabalho e as
professoras estão utilizando de forma dinâmica
e criativa, ajudando seus alunos do atendimento especializado a entrar
em contato com esta realidade, a qual,todos estamos inseridos.
Jogos- Quando trazemos
os jogos que os educandos utilizam em casa ou na rua para dentro da escola, não
deixamos de dar aula, mas sim, passamos a conhecer o universo do qual fazem
parte e tentamos tirar proveito deste contexto. Com os jogos, pode-se aprender
de forma positiva, envolvente, dando significado ao aprendizado adquirido, pois
se caracteriza, segundo afirma Marc Prensy (ano) por um aprendizado “não
forçado”. Os educandos aprendem com os jogos, por meio de raciocínio complexo,
a criar estratégias para superar obstáculos e serem bem-sucedidos. Além disso,
tornam-se bons em conseguir informações de muitas fontes, combinar dados e
tomar boas decisões rapidamente. Assim, tornam-se especialistas em
multitarefas, ou seja, conseguem fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo e com
competência. Então porque não utilizar os jogos nas escolas?
Objetos de
Aprendizagem (OA) - Os Objetos de Aprendizagem podem ser compreendidos como “qualquer
recurso digital que possa ser reutilizado para o suporte ao ensino”(WILEY,
2000, p. 3)
Rived- O RIVED. É um
programa da Secretaria de Educação a Distância - SEED, que tem por objetivo a
produção de conteúdos pedagógicos digitais na forma de objetos de aprendizagem.
Tais conteúdos primam por estimular o raciocínio e o pensamento crítico dos
estudantes, associando o potencial da informática às novas abordagens
pedagógicas. A meta que se pretende atingir, disponibilizando esses conteúdos
digitais, é melhorar a aprendizagem das disciplinas da educação básica e a
formação cidadã do aluno. Além de promover a produção e publicar na web os
conteúdos digitais para acesso gratuito. O RIVED realiza capacitações sobre a
metodologia para produzir e utilizar os objetos de aprendizagem nas
instituições de ensino superior e na rede pública de ensino (resgatado da
internet RIVED).
TV ESCOLA - O canal, cuja
programação é uma caixa de ferramentas para ser usada em sala de aula,
desdobra-se na rede na forma de um portal especialmente desenvolvido para
oferecer apoio aos professores no mundo virtual (Catarina Chagas, p. 16). O
conteúdo do site segue programação da TV escola e é mais voltado ao professor,
que pode, além de baixar os vídeos, assistir a toda programação diária e
acessar um link chamado Dicas Pedagógicas, que consiste em fichas elaboradas
por professores de todo o Brasil com sugestões de atividades para serem
trabalhadas em sala de aula.
Dropbox - é um servidor
virtual para a postagem de ficheiros e envio através de um link para amigos ou
listas de discussão. Em meu blog (http://marciaszerszen.blogspot.com)há jogos que criei
com esta ferramenta para utilização em aulas de história, por exemplo.
•
Há ferramentas
interessantes para o processo de avaliação? Poderia nos dar mais detalhes das
ferramentas citadas?
R. A avaliação se torna muito complexa, pois é
preciso acompanhar o percurso de aprendizagem individual que se constitui nesse
espaço coletivo. Há vários tipos de avaliações, tais como a formativa e a
somativa. Mas no contextodo qual estamos falando, considero a formativa a mais
indicada, porque é realizada ao longo do processo de ensino-aprendizagem,
possibilitando aos professores acompanharem o desenvolvimento dos educandos em
todo o processo. Nos ambientes virtuais, é interessante criar dossiês e portfólios
para ter registrado o percurso do educando para que assim façamos as
intervenções necessárias de forma individualizada com cada educando. Na
avaliação de uma atividade dentro de um blog, por exemplo, o professor poderá
acompanhar o desenvolvimento dos alunos por meio das intervenções que estes
fizeram nas postagens propostas pelo mesmo.
•
Como o professor
pode tirar proveito das ferramentas de compartilhamento de planos de aula? Em
quais portais o professor pode buscar referências para montar suas aulas?
R.: Promover a aprendizagem do aluno é o objetivo
principal do professor. Para atingir esse objetivo, não basta o professor dar
uma boa aula, conhecer e trabalhar bem os conteúdos, é necessário que ele tenha
bem claro quais concepções teóricas fundamentam a sua prática, tendo em vista a cooperação, a
colaboração e interação nos processos de ensino e aprendizagem. Reproduzo
abaixo a webliografia que pode auxiliar na elaboração das aulas e que costumo
indicar aos meus colegas.
WEBLIOGRAFIA INDICADA
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www.educarede.com.br
•
www.dominipublico.gov.br
•
www.portaldoprofessor.mec.gov.br
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O que o portal do
professor do MEC e outros sites semelhantes oferecem de bom? Como avaliar o que
é bom e escolher o que pode ser incorporado às aulas daquele ciclo, dentro da
realidade específica em que o professor atua?
R.: O
Portal do Professor disponibiliza modelos de aulas, ferramentas multimídia,
cursos de formação para os profissionais, um jornal voltado para o dia-a-dia da
sala de aula, além de fóruns de discussão e blogs. O serviço é gratuito e
voltado para professores do ensino fundamental e médio. O professor tem acesso
grátis e sem necessidade de senha a todo o conteúdo do portal, exceto o espaço
de criação de aulas, para o qual é preciso fazer o registro no próprio site do
MEC. Na hora de planejar sua aula, o professor deve levar em conta o tipo de
comunidade onde sua escola esta inserida, o interesse e o que motiva seus
alunos para, depois desse diagnóstico, deve se buscar ferramentas, como o Portal do Professor, para
auxilia-lo em sua elaboração e planejamento das atividades escolares.
•
Como podem ser
utilizados os virais de educação, como os criados e disseminados por Khan? O
professor pode produzir um material desse tipo? Vale a pena?
R. A maiorias dos profissionais da educação foram e são formados com
um pensamento linear, em que não se percebe a complexidade das relações humanas
na sociedade e como isso reflete na sala de aula. Fala-se de respeito às
diferenças, mas planeja-se como se todos fossem iguais, o que gera
desinteresse, dificuldade, etc. Os trabalhos de Salman Khan concentram vídeos
em animação explicativos, que buscam funcionar como aulas sobre temas do ensino
fundamental e médio. Khan iniciou seu trabalho de forma despretensiosa, apenas
porque percebia grande dificuldade de seus alunos em Matemática. Hoje em dia,
ele dá aulas virtuais que podem ser acessadas por qualquer um de nós e são de
fácil compreensão. Podem ser usadas como
instrumento de pesquisa por professores e alunos. Os vídeos de Khan são uma maneira exemplar de
disseminar uma disciplina que muitos alunos apresentam grande dificuldade, a
matemática, tornando-a muito mais simples e facilitando a aprendizagem. Os
educandos podem elaborar vídeos dentre de suas respectivas disciplinas, com
imagens e demonstrações para centralizar o tema que pretendem ensinar ou mesmo
com as principais dúvidas dos alunos sabendo que deverão utilizar deste método
novo e de sua experiência em sala para chamar a atenção dos alunos a obter e
querer adquirir o conhecimento assim tendo mais participação nas aulas.
Acredito que podem também ser produzidos
pelo educador. Uma questão a ser
avaliada, no momento de produzir o material é
a utilidade que ele terá na
comunidade escolar. Como sabemos, a aprendizagem ocorre em função de necessidade e interesse. Como
nossos alunos estão em contato direto com as tecnologias disponíveis e as
utilizam de forma tão apropriada, vale a
pena que o professor produza esse
material, inclusive, de forma interdisciplinar (sim, é possível!). Vale a pena,
também, se o objetivo é proporcionar aulas mais dinâmicas, criativas,
interativas e desafiadoras. Tendo objetivos claros, disposição para adquirir
conhecimento e transmitir esse conhecimento, acima de tudo, não há limite. O
tempo é administrável, mas a perda de grandes oportunidades e conquistas,
não. Podemos utilizar os virais da
educação colocando os vídeos em sala para expor os temas e logo em seguida
abrirmos para discussões, elaboração, criação e execução de exercícios. É uma
maneira fácil e inovadora de aprender. Existe hoje na internet um grande leque
destes virais, como por exemplo, o site Qmágico, onde além de acessar os vídeos
aulas,os alunos e professores podem resolver os exercícios e acumular
recompensas, além de interagir e fornecerem comentários e feedback imediato, possibilitando
uma melhor preparação destes alunos.
•
Segundo a pesquisa
TIC Educação 2010, para 37% dos professores, um grande limitador para preparar
aulas com maior incorporação das TICs é a falta de tempo. Como fazer a gestão
do tempo de modo eficaz, na etapa de preparação da aula?
R.: Cada
pessoa tem seu tempo para absorver conhecimentos e elaborar idéias.Conseguir
tempo para tudo o que queremos fazer é, principalmente nos dias de hoje, uma
das maiores dificuldades. O tempo parece fugir-nos por entre os dedos,
tirando-nos oportunidade para fazermos tudo aquilo que queremos, acumulando
tarefas para o dia seguinte. Cabe a nós criarmos alternativas e gerenciar nosso
tempo da forma mais eficaz. Só assim é possível
delinearmos nossos projetos escolares.
•
As pesquisas ainda
mostram que, na atualidade, o professor ainda é a figura central na dinâmica de
aprendizagem, transmissor de conhecimento e fonte primária de informação. As
atividades mais frequentes ainda são a aula expositiva, os exercícios práticos
e a interpretação de texto. Porém, se a ideia é incorporar às TICs as práticas
pedagógicas já existentes, isso envolverá, necessariamente, um cuidado com a
gestão do tempo? Como dar conta de tanta informação na sala de aula?
R.: Acho
que falta para aos professores de um modo geral “dominar a tecnologia”, eles
são guiados pela angustia de não saber lidar com algo tão novo que seus
educandos são capazes de manusear com tanta destreza. Conforme sua evolução
nesse aprendizado, deixarão de ser ”turistas” nas salas informatizadas
tornando-se mediadores entre os educandos e o conhecimento. Conforme o conteúdo
a ser trabalhado, poderão desenvolver um tema e escolher as linguagens de
comunicação mais adequadas ao processo de ensino aprendizagem.
•
Como avaliar se a
construção de um blog poderá beneficiar as práticas pedagógicas, em determinada
comunidade escolar? O que o professor deve pesar? Quais os aspectos positivos e
negativos de criar um blog?
R.: As tecnologias
exigem que saibamos utilizá-las, manuseá-las, que nos apropriemos delas, pois
são ferramentas que facilitam a vida e o fazer pedagógico. O uso das mídias,
quando bem planejado pelos professores, consegue promover um intercâmbio de
informações e experiências, permitindo que o aluno conquiste outros espaços,
além daquela tradicional aula. Assim ocorre com o blog. Essas mudanças que as
tecnologias promovem vêm ao encontro dos objetivos de aprendizagem críticas e
permitem o desenvolvimento de ações educacionais, a partir de concepções de
aprendizagem que visam formar educandos autônomos e críticos. Os blogs são
ferramentas que oferecem um ótimo nível de interação com o educando, pois
disponibilizam espaço para que os leitores interajam com o autor por meio de
mensagens instantâneas. Essa característica permite que amigos, colegas,
professores, grupos de trabalho ou grupos de estudos exprimam suas idéias e
sentimentos sobre o conteúdo postado, formando uma comunidade com objetivos
comuns, que colabora e coopera através do blog. O blog torna-se um espaço
educacional privilegiado, pois permite a reflexão sobre a leitura e a escrita
do que é postado pelo autor, bem como sobre as mensagens postadas pelos
visitantes, que colaboram e cooperam formando uma comunidade aberta e
receptiva, discutindo idéias e opiniões sem que estejam no mesmo espaço físico
e ao mesmo tempo.
Dessa
forma, são ampliadas as possibilidades de um diálogo mais autêntico e profundo
com outras formas de saber, outros pontos de vista, favorecendo a
interdisciplinaridade, ajudando a construir redes sociais e de saberes. Os
blogs são excelentes ferramentas de
comunicação, em que é possível expressar opiniões, refletir sobre o que está
sendo estudado, trocar idéias, conviver em grupo e construir conhecimentos. No
entanto, temos que ter conciência de que não basta postar uma atividade e não
desenvolve-la integralmente. Tanto o professor quanto o aluno tem que estar
envolvidos e comprometidos com o trabalho no blog. Se isso acontecer, creio que
não teremos aspectos negativos e sim só os positivos, já mensionados acima.
•
Uma vez criado,
como o professor precisa se organizar para mantê-lo? A administração precisa
sempre ficar a cargo do professor? Que combinados precisam ser feitos antes,
entre professor e alunos? Quais os cuidados?
R.: O passo
inicial é definir com antecedência as atividades que irão fazer parte do blog.
Quem irá alimentá-lo. O educador precisa ter uma visão geral do trabalho para
prever em que ritmo as propostas de leitura e escrita vão se aprofundar ao
longo do período de trabalho com o blog. Para chegar ao detalhamento dos
conteúdos do blog, o educador precisa ter clareza de que itens devem ser
combinados e com que regularidade devem ser praticados. Isso permite aos
educandos entender em que situações se lê e se escreve, para que se lê e se
escreve e quem lê e escreve. A continuidade dá segurança aos educandos e,
associada à diversidade de assuntos, amplia o repertório deles. Outro cuidado
importante é, logo nas primeiras atividades, identificar que habilidades,
conhecimentos e dificuldades cada educando traz de suas experiências
tecnológicas para poder auxiliá-lo quando necessário. O professor deve ter
clareza que para ter um bom resultado terá que, muitas vezes, dedicar um tempo
para ir em busca de postagens, organizar seu blog e acima de tudo ler e comentar
o trabalho de seus alunos, para que estes percebam a importância do trabalho e
que o que estão escrevendo é importante e valioso.
•
Para os professores
que buscam qualificação não apenas técnica, mas contextualizada, onde buscar
apoio (cursos, Proinfo e outras oportunidades gratuitas e pagas)?
Como
professora e aprendiz, posso me considerar uma pessoa que se atualiza a cada
dia, pois não somos conhecedores da verdade e sempre aprendemos algo com os
nossos alunos. Nos cursos que fazemos, temos que estar dispostos e abertos para
mantermos nossa mente, nossa alma e nosso corpo em atividade. Fiz um curso pela
plataforma Paulo Freire, sobre tecnologias assistivas, que possibilitou
aumentar meu leque de aprendizado. Sempre faço os cursos que o NTE (Núcleo de Tecnologia
Estadual) e NTM (Núcleo de Tecnologia Municipal) que minha cidade disponibilizam.
Recentemente, estive no II Fórum Mundial de Educação Profissional e
Tecnológica. Todas essas qualificações trazem uma gama de aprendizado em todos
os sentidos. Tento proporcionar aos meus alunos, enquanto professora, aquilo
que também espero de meus mestres enquanto aprendiz: orientação segura e
enriquecedora para que eu possa construir meus próprios conhecimentos de forma
autônoma. Não podemos ensinar nada a ninguém, como disse Galileu, mas apenas
mostrar o caminho.
•
Vale fazer uma pós
nessa área? O que mais pode ser feito em relação à questão da capacitação?
R.: Com
certeza. Estou terminando a minha pós-graduação em Mídias na Educação pela UAB-
Furg(Universidade Aberta do Brasil- Universidade Federal do Rio Grande- RS) e
tem sido muito produtiva, pois sempre aprendemos algo mais através de novos
professores, conhecendo novas pessoas e
novos lugares. Ele acontece de forma semi-presencial e com professores
de varias cidades de SC e RS.
•
Como será o
professor “do futuro”? Quais as competências e habilidades que ele precisa ter,
considerando principalmente o impacto das TICs na educação?
R.: Os
professores estão cada dia aprendendo a lidar com as novas tecnologias e perdendo
o medo que tinham no início, embora alguns ainda tenham grande
resistência. Esta aprendizagem vinha
ocorrendo até então, num ritmo bastante lento. Mas o avanço tecnológico vem
acontecendo de forma gradativa e muito rápida. Alguns colegas ainda utilizam a
tecnologias de uma forma geral totalmente errada.Queiram ou não, os professores
terão que perder o “medo”, deixar de lado a acomodação e mudar sua prática de
ensino, senão correm o risco de ficar “jurássicos tecnológicos” e, de docentes
passarem a pertencer ao corpo discente das escolas. Os alunos procuram pelas
tecnologias onde quer que elas se encontrem: nas escolas, em suas casas, nas
lan house espalhadas por aí ou apenas num toque no seu celular. Estão, como dizem entre os jovens,
“antenados”, acompanhando esta evolução contínua. Sabemos que o ideal seria que
eles pudessem usufruir das mesmas no ambiente escolar, para serem melhor
orientados, aprendendo a usá-las proveitosamente. Diante dessa constatação, o
papel do professor é essencial para o uso das Novas Tecnologias como mais uma
(rica e poderosa) ferramenta na sala de aula. Cabe a nós então, sermos mais
criativos e aceitarmos essas novas tecnologias e nos manter atualizados
participando de cursos e nos reciclando a medida do possível. Se nós, professores,
não acordarmos a tempo, iremos nos embaraçar nas diversas redes que surgirão
daqui para frente em todas as partes do cotidiano de nossas vidas e de nossos
alunos: do supermercado à Igreja, passando pela escola, cinema, lojas,
bibliotecas, teatro. Hoje tudo é movido a tecnologias.
Alunos com NEE
. As TIC podem, de alguma forma,
facilitar a inclusão dos alunos com Necessidades Educativas Especiais?
Sim,
porque elas equiparam as mesmas condições de recursos que todos precisam para o
aprendizado.
É
necessário um esforço coletivo com vista em uma reestruturação física e social
das escolas onde todas as crianças possam aprender juntas. O que se pretende é
uma escola inclusiva que garanta à igualdade de oportunidades, a equidade, a
participação de todos nos mesmos espaços educativos e partilha das mesmas
experiências pedagógicas.
A inclusão representa deste modo um desafio e
um compromisso educacional de modificação de ações pedagógicas que visem
garantir o acesso com qualidade de todos os educandos.
. Que recursos da tecnologia o
professor pode usar com esses alunos? Como usá-los bem, para facilitar o
aprendizado?
Como
falei anteriormente as TIC são utilizadas com uma série de recursos e serviços
que proporcionam e ampliam habilidades funcionais de pessoas com deficiência,
conseqüentemente, promovem a vida independente. Para uma pessoa com
deficiência, a tecnologia, não só facilita, mas torna possível a realização de
ações desejadas ou necessárias.
Por
meio destas tecnologias, uma pessoa deficiente, tem controle do ambiente,
acesso a computadores, comunicação e realização de tarefas. Falo do uso de
leitores de voz, telas ampliadas, teclados adaptados, mouses luminosos/
ópticos, amplificadores de voz, enfim uma série de recursos, que hoje contamos
com os tablets que disponibilizam o recurso de “toque de tela” facilitando
muito a comunicação alternativa de alunos, por exemplo, com paralisia cerebral.
E até recursos mais simples que já são mais utilizados, como por exemplo, um
gravador, um mp3 (que pode gravar livros, textos, para o aluno estudar em casa)
ou até mesmo um simples celular que nos facilita, por exemplo filmar uma
aula....
Não
basta ter o recurso, mas sim o olhar para este educando, como alguém com uma
“diversidade” de possibilidades para aprender.
Oportunidades de formação
. Onde e como o professor de ensino
infantil e fundamental pode encontrar oportunidades de formação em TIC?
Quais instituições costumam oferecer
esse tipo de capacitação?
Em geral, o que é preciso fazer para
participar desses cursos?
Como já
relatei na pesquisa anterior, hoje contamos com a Plataforma Freire, que nos
disponibiliza várias formações. Eu fiz uma formação que foi pela universidade
de Santa Maria-Rs, sobre Atendimento Educacional especializado e as
tecnologias.
Para
participar destas formações deve-se ficar atento as datas que são divulgadas
nas paginas da internet, ter motivação e interesse em sempre aprender para
auxiliar seus educandos.
Ferramentas blog
. Para os professores envolvidos com a
criação de blogs com propósitos educativos, que ferramentas gratuitas o senhor
indica?
Nos blogs há uma variedade imensa de ferramentas – cada vez mais completas - a serem utilizadas pelos blogueiros em geral. Os educandos que possuem um blog pelo Blogger (criado pelo Google), assim como eu, podem dispor de ferramentas como o gagdet do Google Tradutor, traduzindo o blog para vários idiomas; Caixa de Pesquisa, onde os alunos podem procurar por um determinado tema; Barra de Vídeos, que é utilizado juntamente com o Youtube disponibilizando vídeos educativos. Há também as listas de links e blogs que o aluno pode conhecer outros blogs e sites relacionados a determinados assuntos de aula e disciplinas. Também podem ter disponiveis icones para acessarem páginas de redes sociais como: facebook, Orkut, twitter, entre outros.
Nos blogs há uma variedade imensa de ferramentas – cada vez mais completas - a serem utilizadas pelos blogueiros em geral. Os educandos que possuem um blog pelo Blogger (criado pelo Google), assim como eu, podem dispor de ferramentas como o gagdet do Google Tradutor, traduzindo o blog para vários idiomas; Caixa de Pesquisa, onde os alunos podem procurar por um determinado tema; Barra de Vídeos, que é utilizado juntamente com o Youtube disponibilizando vídeos educativos. Há também as listas de links e blogs que o aluno pode conhecer outros blogs e sites relacionados a determinados assuntos de aula e disciplinas. Também podem ter disponiveis icones para acessarem páginas de redes sociais como: facebook, Orkut, twitter, entre outros.
Futuro
. Podemos dar exemplos de como vai ser
(ou pode ser) o trabalho do professor daqui a algum tempo, em razão da evolução
das TIC? Há algo que está acontecendo no Brasil ou em algum lugar do mundo
(tendência de comportamento) e que pode se popularizar dentro de algum tempo?
Além disso, o que há de mais moderno
no mundo em termos de tecnologias educacionais? Quanto essas ferramentas custam
e quando (e se) está prevista a chegada delas no Brasil?
A
tecnologia evolui continuamente e precisa-se estar sempre ‘de olho’ nas
novidades do ramo. Os livros já estão sendo transformados em E-books, as salas
de aula em alguns países já possuem notebooks em vez de livros educacionais e
os famosos cadernos, algumas salas de aulas já possuem um professor diferente,
como foi nos apresentado pelo programa Fantastico da rede globo, um robo que da
aulas de ingles, na Coreia do Sul.
Nós educadores precisamos ter formações permanentes de que maneira acompanhar toda essa evolução e como utilizá-la em sala, mas o que se vê em maioria é a falta de conhecimento e perspectiva dos mesmos perante as novas tecnologias, afinal muitas escolas ainda possuem uma qualidade de ensino precária não só no Brasil. Não é possível portanto ter a certeza de que todo esse ‘novo mundo’ seja popularizado em apenas alguns anos. e de nada vai adiantar tanta tecnologia se não soubermos onde e como utiliza-la.
Nós educadores precisamos ter formações permanentes de que maneira acompanhar toda essa evolução e como utilizá-la em sala, mas o que se vê em maioria é a falta de conhecimento e perspectiva dos mesmos perante as novas tecnologias, afinal muitas escolas ainda possuem uma qualidade de ensino precária não só no Brasil. Não é possível portanto ter a certeza de que todo esse ‘novo mundo’ seja popularizado em apenas alguns anos. e de nada vai adiantar tanta tecnologia se não soubermos onde e como utiliza-la.
Referencias Bibliográficas
•
Cartilha online Tecnologias na Escola. Instituto Claro. 2010.
Séries Iniciais: http://verenabu.blogspot.com.br/
Sala Multimeios: http://aeejvpereira.blogspot.com.br/
•
Prensky Marc. Não me atrapalhe, mãe- Eu estou aprendendo! Editora
Phorte, São Paulo, 2010.
Agradeço também as pessoas que me apoiaram neste momento: Sandro de Oliveira de Souza, Gabriela Chaves, Carina de Oliveira, Maíra de Souza Emerick.
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